O sufixo cidio se refere à ação de exterminar ou matar. Desse modo, são formadas palavras como suicídio, assassinato ou homicídio, entre outras. Refere-se ao extermínio de um grupo racial ou étnico.
Este termo é normalmente usado em relação aos povos originários de um território que foram eliminados, subjugados ou deslocados por um povo dominante.
Etnocídio na América Latina
Antes da chegada de espanhóis e portugueses ao continente americano, existiam milhares de povos com língua e cultura próprias. A colonização significava a imposição de uma cultura dominante e, portanto, a eliminação direta ou indireta de todas as comunidades genuinamente americanas.
Esse fenômeno vem ocorrendo ao longo dos séculos e com várias estratégias:
1) a aniquilação física da população,
2) a proibição da língua e cultura dos povos nativos,
3) ocupação do território,
4) a imposição de um sistema escravista à população autóctone e
5) a implantação de um modelo socioeconômico globalizado.
A denúncia do etnocídio na América é um fato tão antigo quanto o próprio etnocídio. Nesse sentido, já no século XVII o dominicano espanhol Fray Bartolomé de las Casas censurava duramente a situação de escravidão dos indígenas.
Em suas diferentes versões, o etnocídio tem se baseado em uma ideia geral: há um modelo cultural considerado superior que legitima a dominação ou devastação dessas populações supostamente inferiores ou selvagens. Essa visão da realidade é chamada de etnocentrismo. Diante do etnocentrismo que defende a supremacia de uma identidade cultural sobre as outras, há uma visão oposta, o relativismo cultural.
A América Latina não é o único território em que esse fenômeno ocorreu, como também ocorreu nos diversos impérios coloniais.
O crime de etnocídio visa proteger comunidades que estão em perigo de extinção
Nas últimas décadas, países como Equador, Argentina ou Colômbia tipificaram o crime de etnocídio. Esta ferramenta legal visa evitar que os povos indígenas percam sua identidade cultural.
O crime de etnocídio enfatiza a necessidade de respeitar aqueles povos que voluntariamente decidem se isolar do mundo globalizado. Dessa forma, se um Estado ou uma multinacional adotasse uma medida contrária a uma comunidade isolada, estaria cometendo um crime de etnocídio.
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