O romantismo é um movimento artístico típico da primeira metade do século XIX europeu. Surgiu na Alemanha e na Grã-Bretanha e logo se expandiu para além de suas fronteiras. Sua irrupção deve ser enquadrada em um momento histórico em que o absolutismo como forma de governo deixou de ser hegemônico e, como consequência, novos valores surgiram na sociedade (especialmente aqueles que inspiraram a Revolução Francesa). Enquanto no século XVIII prevalecem os ideais do Iluminismo, o predomínio da razão e da preocupação com a humanidade, o espírito do Romantismo preconiza os sentimentos, o subjetivo e o individual.
Os ideais do Romantismo permeiam áreas como pintura, literatura, música ou filosofia. Ao mesmo tempo, esse movimento teve notável influência na moda, nos costumes, na política e, em geral, na forma de entender a vida.
Tópicos principais
A natureza adquire um papel singular entre os românticos. Na verdade, paisagens sombrias e melancólicas comunicam os humores dos criadores (a pintura de Friedrich "The Lonely Tree" é um claro exemplo de pintura romântica alemã).
A reivindicação do espírito único de cada povo é outro dos eixos deste movimento (o filósofo alemão Hegel defendeu a existência do espírito de uma nação, ideia que teve uma influência notável em diferentes movimentos nacionalistas europeus). É possível falar de uma concepção romântica do mundo, que se manifesta no sentimento de insatisfação, na exaltação de si e no desacordo com a realidade em geral.
A exaltação dos sentimentos é outro de seus temas característicos, que pode ser exemplificado com "O Hino da Alegria" de Beethoven (considerado o primeiro músico romântico) ou com os poemas de amor de Bécquer.
Há uma atração pelo popular e pelo folclórico, tendência que podemos encontrar nos contos dos Irmãos Grimm. Por outro lado, alguns viajantes românticos franceses e ingleses se interessaram pela cultura popular espanhola (folclore andaluz, banditismo ou touradas).
Eles apostam no irracional para superar a rigidez do racionalismo do século XVIII (o poema de Coleridge "The Ballad of the Old Mariner" descreve a história de marinheiros envolvidos em eventos sinistros).
Há um interesse pelo mundo clássico, pelo mundo oriental e pela Idade Média. O criador romântico foge da sociedade moderna e busca o exotismo de outras culturas e a recriação de outros tempos. O mesmo fez o romancista Walter Scott em sua descrição da Idade Média na Escócia ou o pintor Delacroix em sua inclinação por temas culturais orientais.
A liberdade é o ideal que inspira a maioria dos românticos. Exemplos que ilustram essa afirmação podem ser encontrados na história de Guilherme Tell contada por Friedrich Schiller, na "Ode à Liberdade" do poeta russo Alexander Pushkin ou na famosa pintura de Delacroix "A Liberdade Conduzindo o Povo".
Um perfil do homem romântico
O homem romântico é essencialmente inconformista e rebelde, então ele se engaja em atividades políticas ou tenta fugir da realidade que o cerca. Ele também é um aventureiro, pois gosta de viajar e conhecer outros mundos. Ele também é uma pessoa sensível e guiada pela paixão e pelo amor. Ele é atraído pelo lado negro da vida (cemitérios, morte e mistério).
Cinema e romantismo
Muitos filmes são enquadrados no período romântico, ou inspirados por seu espírito e seus temas principais. Filmes de terror foram baseados em personagens românticos como Drácula, Frankenstein ou algumas das histórias de Edgar Allan Poe. O mundo dos piratas no grande ecrã também nos lembra alguns poemas românticos (por exemplo, "A canção do pirata" do Espronceda). O romance "Wuthering Heights" de Emily Bronte foi adaptado para o cinema em várias ocasiões e é um compêndio dos ideais do romantismo (melancolia, rebelião, liberdade e a exaltação do indivíduo).
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